"Sua pele era cor de chocolate. As bolinhas dos olhos pareciam duas jabuticabas: pretinhas. Os cabelos eram enroladinhos e fofos. Pareciam uma esponja."
Editado pela primeira vez em 1986, conta a história de dois amigos de cores diferentes que crescem juntos.
Ziraldo, como bom mineiro, uai! carrega no sangue o dom de contar histórias.
Com “O menino marrom”, ele arruma uma forma de falar de etnia – nem sei se é seu verdadeiro objetivo (acho que ele só queria mesmo era contar sobre a amizade de dois meninos muito especiais) – de um jeito gostoso, leve e, sobretudo, perspicaz.
Inusitado como sempre, ele cria comparações, imagens e umas tiradas fantásticas, sempre chamando o leitor para compor e compartilhar sua história.
O menino marrom é desses livros que vai encantando a gente, tirando o fôlego e mostrando um jeito todo especial de ver as coisas, as pessoas... de relembrar coisas, de relembrar pessoas.
Apesar de classificado como literatura infanto-juvenil, ele, o livro, dá boas lições em gente grande e, até, bons tapas-de-luva.
Ziraldo mescla vários conceitos: literatura, arte, física; expressões populares; ditos, não tão populares como deveriam ser, mas valiosos, como os de Drummond, com sincronia, sintonia e especial sabedoria.
Para professores, o livro é ótimo para instigar um trabalho sobre preconceito, ou melhor, seguindo o pensamento de Ziraldo: de despreconceito. Para quem não o é, maravilhoso para conduzir à infância, aos bons e verdadeiros amigos que, se não os conservarmos daquela época, dificilmente os encontraremos novamente.
Além de tudo isso, as ilustrações são perfeitas, pois são também do bom e velho Ziraldo.